Hipertireoidismo. O que precisamos saber sobre o tema

HIPERTIREOIDISMO. SINTOMAS, CAUSAS E CUIDADOS

Hipertireoidismo. O que precisamos saber sobre o tema

Hipertireoidismo vem se tornando cada vez mais conhecido, principalmente pelo potencial avançado de diagnóstico e por atingir mais de 80 milhões de pessoas, todos os anos, gerando problemas importantes que afetam a qualidade de vida das pessoas.

Hipertireoidismo nasce de anomalias na glândula tireoide, um dos reguladores hormonais principais do nosso corpo, que passa a produzir hormônios em excesso, impactando diretamente no metabolismo.

Uma característica interessante, além de impactar 1% da população, é que o hipertireoidismo é mais comum ao sexo feminino, na proporção de 8X1 (em cada 9 casos, 8 acontecem em mulheres).

Hipertireoidismo também se manifesta em etapas regulares da vida, entre 20 e 50 anos, em média.

O hipertireoidismo possui várias condições associadas, como a Doença de Graves, que reflete em 70% dos casos onde o hipertireoidismo aparece.

O hipertireoidismo possui uma característica primordial, que é o aumento dos níveis dos hormônios tireoidianos T3 (conhecido como triiodotironina) e T4 (tiroxina), presentes no sangue.

Quando este excesso hormonal acontece, suas consequências atingem diversas funções do organismo, o que resulta num conjunto de sintomas bem marcantes.

Nas ocorrências de hipertireoidismo, sintomas mais comuns envolvem a perda excessiva de peso, mesmo com o sensível aumento de apetite.

O sistema cardiovascular também costuma apresentar palpitações, taquicardias e arritmias de vários tipos.

Do ponto de vista do sistema nervoso, é possível notar ocorrência de ansiedade, nervosismo, insônia, tremores e até reflexos involuntários e tremores musculares.

Diarreia e aumento de fluxos de evacuações são bastante comuns, dado ao desarranjo gastrointestinal.

Alguns casos podem apresentar olhos saltados, o que é conhecido como exoftalmia, além de visão dupla e irritação ocular.

A pele se apresenta quente e úmida, enquanto as unhas parecem afinar e se tornam quebradiças.

Será percebida uma queda de cabelos acentuada em casos de hipertireoidismo e nas mulheres, as irregularidades menstruais são muito comuns, normalmente associadas a cólicas severas.

Neste conteúdo vamos explorar as causas do hipertireoidismo, os estudos relevantes sobre o tema, os principais tratamentos e os comportamentos que os portadores do problema precisam adotar.

Hipertireoidismo. As causas e o que se sabe sobre os tratamentos

Causas que levam ao problema
Porque acontece

Hipertireoidismo, como já sabemos, é uma condição clínica caracterizada pela produção excessiva de hormônios tireoidianos (T3 e T4) pela glândula tireoide.

Esse desequilíbrio hormonal leva a uma aceleração generalizada das funções do organismo e se manifesta através de uma variedade de sintomas…

Principais Causas do Hipertireoidismo…

Diversas condições podem levar ao hipertireoidismo, mas as principais causas, com suas explicações técnicas e incidência percentual aproximada, são…

  1. Doença de Graves (70-80% dos casos):
  • Explicação técnica: Doença autoimune em que o sistema imunológico produz anticorpos que se ligam aos receptores de TSH (hormônio estimulante da tireoide) na tireoide, o que provoca a estimulação da glândula a produzir hormônios em excesso;
  • Incidência: É a causa mais comum de hipertireoidismo, especialmente em mulheres jovens e de meia-idade;
  • Estudos:
    • Um estudo de Smith e Hall (1974) demonstrou a presença de anticorpos estimulantes da tireoide (TRAb) no soro de pacientes com Doença de Graves, confirmando a natureza autoimune da doença;
    • Cooper et al. (2005) investigaram a genética da Doença de Graves, identificando genes HLA (Human Leukocyte Antigen) como fatores de suscetibilidade.
  1. Bócio Multinodular Tóxico (10-15% dos casos):
  • Explicação técnica: Presença de múltiplos nódulos na tireoide, alguns dos quais autonomamente produzem hormônios tireoidianos em excesso, independentemente da regulação do TSH;
  • Incidência: Mais comum em áreas com deficiência de iodo e em pessoas mais velhas;
  • Estudos:
    • Mazzaferri et al. (1998) avaliaram a história natural do bócio multinodular, demonstrando a progressão para hipertireoidismo em uma parcela significativa dos pacientes;
    • Tonacchera et al. (2000) identificaram mutações no gene do receptor de TSH em nódulos autônomos, elucidando os mecanismos moleculares da produção hormonal independente do TSH.
  1. Adenoma Tóxico (5-10% dos casos):
  • Explicação técnica: Tumor benigno (único nódulo) na tireoide que produz e secreta hormônios tireoidianos de forma autônoma;
  • Incidência: Menos comum que as outras causas;
  • Estudos:
    • Castro et al. (2008) estudaram as características clínicas e o manejo de adenomas tóxicos, demonstrando a eficácia da cirurgia e do iodo radioativo no tratamento.
  1. Tireoidite (1-5% dos casos):
  • Explicação técnica: Inflamação da glândula tireoide, que pode causar liberação excessiva de hormônios pré-formados, levando a um hipertireoidismo transitório e pode ser causada por infecções virais, doenças autoimunes ou medicamentos;
  • Tipos: Tireoidite de Hashimoto (fase inicial), tireoidite subaguda (de Quervain), tireoidite pós-parto;
  • Estudos:
    • Fatourechi et al. (2003) investigaram a tireoidite pós-parto, descrevendo sua incidência, curso clínico e tratamento.
  1. Excesso de Iodo (<1% dos casos):
  • Explicação técnica: Ingestão excessiva de iodo através de medicamentos (amiodarona), contrastes radiológicos ou suplementos alimentares, que pode levar a um aumento na produção de hormônios tireoidianos em indivíduos suscetíveis;
  • Estudos:
    • Martino et al. (2001) avaliaram o efeito do iodo na função tireoidiana, demonstrando o risco de hipertireoidismo em pacientes com predisposição genética.

Sintomas do Hipertireoidismo…

Os sintomas do hipertireoidismo são decorrentes da aceleração do metabolismo e podem variar de pessoa para pessoa, onde os mais comuns incluem…

Sintomas Gerais:

  • Perda de peso inexplicável, mesmo com aumento do apetite;
  • Intolerância ao calor e sudorese excessiva;
  • Fadiga e fraqueza muscular;
  • Nervosismo, ansiedade e irritabilidade;
  • Tremores nas mãos;
  • Insônia.

Sintomas Cardiovasculares:

  • Taquicardia (aumento da frequência cardíaca);
  • Palpitações;
  • Arritmias cardíacas;
  • Hipertensão arterial.

Sintomas Gastrointestinais:

  • Aumento do número de evacuações;
  • Diarreia.

Sintomas Oftalmológicos:

  • Olhos saltados (exoftalmia) – principalmente na Doença de Graves;
  • Irritação ocular;
  • Visão dupla.

Sintomas Dermatológicos:

  • Pele quente e úmida;
  • Unhas finas e quebradiças;
  • Queda de cabelo.

Outros Sintomas:

  • Bócio (aumento da glândula tireoide);
  • Alterações menstruais em mulheres;
  • Disfunção erétil em homens.

É importante ressaltar que o diagnóstico do hipertireoidismo depende da avaliação clínica e de exames laboratoriais, como dosagem dos hormônios tireoidianos (T3, T4 livre) e TSH.

O tratamento varia de acordo com a causa e gravidade da doença, podendo incluir medicamentos antitireoidianos, iodo radioativo ou cirurgia.

Falando sobre os tratamentos e seus resultados

Como tratar
Em busca da solução

O hipertireoidismo, como já discutimos, exige tratamento para controlar a produção excessiva de hormônios tireoidianos e evitar complicações.

As principais opções terapêuticas, com seus detalhes de aplicação, benefícios, riscos e efeitos esperados, são…

  1. Medicamentos Antitireoidianos:
  • Aplicação: Administrados por via oral, esses medicamentos (metimazol, propiltiouracil) inibem a produção de hormônios tireoidianos pela tireoide;
  • Benefícios:
    • Controle dos sintomas do hipertireoidismo;
    • Opção inicial para a maioria dos pacientes;
    • Podem ser usados como tratamento definitivo em alguns casos de hipertireoidismo leve ou transitório.
  • Riscos e efeitos colaterais:
    • Reações alérgicas (erupções cutâneas, coceira);
    • Alterações no paladar;
    • Problemas hepáticos (raros);
    • Agranulocitose (rara, mas grave diminuição das células brancas do sangue).
  • Efeitos esperados:
    • Melhora gradual dos sintomas (semanas a meses);
    • Necessidade de monitoramento regular da função tireoidiana;
    • Possibilidade de recidiva do hipertireoidismo após a interrupção do tratamento.
  1. Iodo Radioativo:
  • Aplicação: Administrado por via oral, o iodo radioativo é absorvido pela tireoide e destrói as células que produzem hormônios em excesso;
  • Benefícios:
    • Alta taxa de sucesso no controle do hipertireoidismo;
    • Tratamento definitivo na maioria dos casos;
    • Menos invasivo que a cirurgia.
  • Riscos e efeitos colaterais:
    • Hipotireoidismo (tireoide pouco ativa), que requer tratamento com levotiroxina;
    • Agravamento de doenças oculares (na Doença de Graves);
    • Risco (baixo) de câncer de tireoide a longo prazo.
  • Efeitos esperados:
    • Melhora gradual dos sintomas (semanas a meses);
    • Necessidade de monitoramento da função tireoidiana a longo prazo.
  1. Cirurgia (Tireoidectomia):
  • Aplicação: Remoção cirúrgica de parte ou da totalidade da glândula tireoide.
  • Benefícios:
    • Tratamento definitivo na maioria dos casos;
    • Indicada em casos de bócio volumoso, suspeita de câncer de tireoide ou quando outras opções de tratamento não são adequadas.
  • Riscos e efeitos colaterais:
    • Riscos inerentes à cirurgia (infecção, sangramento);
    • Lesão do nervo laríngeo recorrente (pode causar rouquidão);
    • Hipoparatireoidismo (diminuição dos níveis de cálcio no sangue);
    • Hipotireoidismo, que requer tratamento com levotiroxina.
  • Efeitos esperados:
    • Controle rápido do hipertireoidismo;
    • Necessidade de reposição hormonal com levotiroxina (em caso de tireoidectomia total).

Evolução Negativa do Hipertireoidismo e Impacto na Qualidade de Vida:

Se não tratado adequadamente, o hipertireoidismo pode levar a complicações graves, como…

  • Crise tireotóxica: condição rara, mas potencialmente fatal, com febre alta, taquicardia extrema, delírios e coma;
  • Problemas cardíacos: arritmias cardíacas, insuficiência cardíaca congestiva;
  • Osteoporose: enfraquecimento dos ossos, aumentando o risco de fraturas;
  • Problemas oculares: perda de visão (na Doença de Graves);
  • Problemas emocionais: ansiedade, depressão, irritabilidade.

O hipertireoidismo não controlado impacta significativamente a qualidade de vida, limitando as atividades diárias, afetando o sono, o humor, a vida social e profissional.

O tratamento adequado é essencial para controlar os sintomas, prevenir complicações e garantir uma boa qualidade de vida.

A fisioterapia e osteopatia e seus impactos no hipertireoidismo…

Embora o tratamento principal do hipertireoidismo seja direcionado ao controle da produção hormonal, a fisioterapia e a osteopatia podem oferecer contribuições importantes para o bem-estar e qualidade de vida dos pacientes, atuando de forma complementar aos tratamentos médicos convencionais.

É importante destacar que a fisioterapia e a osteopatia NÃO substituem o tratamento médico com medicamentos, iodo radioativo ou cirurgia.

No entanto, podem auxiliar no alívio de sintomas, na melhora da função física e no bem-estar geral.

Contribuições da Fisioterapia:

  • Alívio dos sintomas: Exercícios respiratórios e técnicas de relaxamento podem ajudar a controlar a ansiedade, o nervosismo e os tremores, sintomas comuns no hipertireoidismo;
  • Melhora da função cardiovascular: Exercícios aeróbicos de baixo impacto, como caminhadas e natação, podem auxiliar na regulação da frequência cardíaca e na melhora da capacidade cardiovascular, que podem ser afetadas pela doença;
  • Fortalecimento muscular: O hipertireoidismo pode causar fraqueza muscular e exercícios de fortalecimento podem ajudar a recuperar a força e a resistência muscular;
  • Controle da fadiga: A fadiga é um sintoma frequente no hipertireoidismo e programas de exercícios individualizados, com atividades graduadas, podem auxiliar no combate à fadiga e na melhora dos níveis de energia;
  • Prevenção de osteoporose: Em casos de hipertireoidismo de longa duração, pode haver risco aumentado de osteoporose, onde exercícios de impacto e fortalecimento, orientados por um fisioterapeuta, contribuem para a saúde óssea.

Contribuições da Osteopatia:

  • Equilíbrio do sistema musculoesquelético: A osteopatia utiliza técnicas manuais para restaurar o equilíbrio do sistema musculoesquelético, aliviando tensões, dores e disfunções que podem estar relacionadas ao hipertireoidismo;
  • Melhora da circulação sanguínea e linfática: As técnicas osteopáticas podem auxiliar na otimização da circulação sanguínea e linfática, o que contribui para a eliminação de toxinas e para o bom funcionamento do organismo;
  • Regulação do sistema nervoso autônomo: O hipertireoidismo pode levar a um desequilíbrio do sistema nervoso autônomo e a osteopatia busca harmonizar o sistema nervoso, promovendo relaxamento e bem-estar;
  • Abordagem holística: A osteopatia considera o paciente como um todo, buscando identificar e tratar as causas subjacentes aos sintomas, e não apenas os sintomas em si.

Como a fisioterapia e a osteopatia podem auxiliar no diagnóstico?

  • Os fisioterapeutas e osteopatas, durante a avaliação, podem identificar alterações posturais, musculares, articulares e funcionais que podem estar relacionadas ao hipertireoidismo, contribuindo para o diagnóstico clínico;
  • A avaliação da função respiratória, cardiovascular e neuromuscular pode fornecer informações importantes sobre o impacto da doença no organismo.

É fundamental procurar profissionais qualificados e experientes no tratamento de pacientes com hipertireoidismo.

O tratamento fisioterapêutico e osteopático deve ser individualizado e adaptado às necessidades de cada paciente.

Hipertireoidismo pode e precisa ser tratado

Hipertireoidismo. Em busca da solução
É possível tratar e melhorar

Hipertireoidismo é uma realidade na vida de muitas pessoas e a jornada em direção ao bem-estar exige atenção aos sinais que o corpo nos envia.

Como na maioria dos comportamentos do nosso organismo, no caso do hipertireoidismo, reconhecer os sintomas e buscar auxílio médico especializado são passos cruciais para evitar complicações e garantir uma melhor qualidade de vida.

A detecção precoce, aliada ao tratamento adequado, permite controlar a produção excessiva de hormônios tireoidianos e minimizar os impactos da doença no organismo.

Vale ressaltar que o tratamento do hipertireoidismo é um processo individualizado, que deve ser conduzido por um endocrinologista.

As opções terapêuticas variam de acordo com a causa da doença, a gravidade dos sintomas e as particularidades de cada paciente.

Medicamentos, iodo radioativo e cirurgia são alternativas que podem ser consideradas, sempre com acompanhamento médico rigoroso.

É fundamental adotar hábitos de vida saudáveis, com alimentação equilibrada, prática regular de exercícios físicos e controle do estresse.

Essas medidas contribuem para o bem-estar geral e auxiliam no controle dos sintomas do hipertireoidismo.

É importante lembrar que a informação é uma poderosa aliada na busca por saúde.

Conhecendo os sinais do hipertireoidismo e procurando o tratamento o mais rápido possível, você assume o controle da sua saúde e aumenta as chances de uma vida plena e equilibrada.

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