ATM (Articulação Temporomandibular) é a articulação responsável pela conexão da mandíbula com o crânio, o que acontece na junção entre os côndilos mandibulares, pela parte da mandíbula e as cavidades de junção, junto ao osso temporal, já no lado da cabeça.
ATM é a articulação de maior movimentação do corpo humano.
Alguns estudos apontam que a ATM se movimenta até 2000 vezes num único dia, pois é responsável pelo movimento de abrir e fechar a boca, quando falamos, bocejamos ou, principalmente, mastigamos.
Disfunção ATM é o que acontece quando qualquer tipo de desequilíbrio atinge o sistema da articulação.
Um conjunto muito sensível, ajustado e perfeitamente equilibrado, faz da ATM uma articulação precisa e com movimentação perfeita, até que algum agente externo, uma doença, um trauma ou um problema congênito interfira neste funcionamento e cause um desequilíbrio, uma desarmonia e todo o complexo passe a apresentar problemas.
O problema maior quando acontece uma anomalia neste funcionamento são os sintomas.
O principal de todos os sintomas está ligado a dor.
A localização da ATM na região da cabeça, amplia a sensação de dor, fazendo com que as cefaleias sejam frequentes e agudas, além das dores diretas no local da articulação e os reflexos que a dor no conjunto emana para sistemas associados, como a base do crânio, o topo da coluna, as zonas cervicais e dorsais.
Os grupos de risco e as causas da Disfunção ATM
ATM está localizada logo adiante da zona dos ouvidos.
Posicionando os dedos na região imediatamente a frente das orelhas e simulando o movimento de abertura e fechamento da boca, é possível perceber o movimento desta articulação temporomandibular, presente nos 2 lados da cabeça.
ATM é perfeitamente sincronizada e funcional, apresentando problemas quando sofre alguma ação externa ou não natural.
A disfunção ATM atinge todos os grupos de pessoas, não existe imunidade predisposta para o problema, mas todos os estudos realizados até hoje apontam uma constatação, de que a maioria das pessoas afetadas pelo problema está entre as mulheres, numa faixa etária de 20 a 50 anos.
Os principais motivos para o aparecimento da disfunção ATM são os traumas, de todos os tamanhos, que possuem o poder de machucar o local ou afetar seu funcionamento.
Uma batida na ponta do queixo, por exemplo, vai refletir a energia do impacto diretamente no ponto de sustentação do maxilar, no caso, a ATM e isto pode resultar num desajuste, desencaixe ou até mácula na cápsula articular, músculo ou ligamento, ocasionando o mau funcionamento.
Doenças pré-existentes ou adquiridas também podem disparar a disfunção ATM.
Inflamações como artrites, por exemplo, têm o poder de desajustar o funcionamento da ATM.
Artroses progressivas, que resultam no desgaste de cartilagens e ossos também ameaçam o perfeito funcionamento da articulação.
O bruxismo, um distúrbio neurológico do sono, onde o paciente costuma esfregar os dentes, com elevada força e pressão, a ponto de promover desgaste excessivo da dentição, é um dos principais fatores de ocorrência da disfunção ATM.
Problemas anatômicos de nascença também podem afetar a ATM.
Anomalias de construção da arcada dentária, causam defeitos de oclusão, que nada mais é que o ajuste da mordedura, com o encaixe perfeito da dentição no movimento de mastigação.
Qualquer anormalidade na mastigação vai refletir em esforço mecânico adicional nas estruturas da ATM.
Assim também é com a ausência de dentes, principalmente a linha de terceiros molares, que geralmente funcionam como o apoio do esforço mecânico de fechamento e oclusão da arcada dentária que, quando da ausência destes dentes, provoca um desequilíbrio, exatamente na ação de maior esforço e pressão no fechamento e aperto da mastigação.
Um processo repetitivo como a mastigação, gerando esforço anormal igualmente repetitivo diretamente sobre a ATM, deve resultar num desequilíbrio importante, levando à disfunção ATM.
Alguns fatores psicológicos também podem resultar em pressão sobre a ATM, como o estresse, a ansiedade, a depressão, que geram tensão natural nas pessoas, fazendo com que alguns de seus sintomas resultem em mastigação vazia, aperto excessivo sobre a mandíbula, forçando desnecessariamente e de forma frequente todo o conjunto articular, levando ao desequilíbrio.
A postura corporal também é um fator importante de ocorrência da disfunção ATM, e não se trata apenas das posturas de mastigação especificamente.
O organismo humano é todo interligado e alguns de seus sistemas estão mais conectados que outros.
O conjunto das costas, por exemplo, está diretamente relacionado com a estrutura do pescoço que, por sua vez, é responsável pela sustentação da cabeça e, por óbvio, uma má postura da cabeça, decorrente de uma má postura das costas, vai influenciar no funcionamento da mandíbula que, diretamente, resultará numa operação inadequada da ATM, podendo ocasionar a disfunção.
São muitas as causas da disfunção ATM e é preciso estar atento sobre os sintomas, para entender o problema tão logo ele se manifeste, ou antes até, se possível, para que o tratamento e possível cura sejam facilitados.
Os sintomas da Disfunção ATM
A disfunção ATM provoca sintomas bastante particulares.
A maioria está relacionada à dor, dor forte, que pode virar dor crônica, dependendo da abordagem de tratamento que é adotada, principalmente quando não é adotada abordagem nenhuma e a doença segue seu ciclo evolutivo.
Uma dor localizada no conjunto articular da ATM é um dos primeiros e mais relevantes sinais de alguma imperfeição no seu funcionamento.
Sensação de ruídos ou estalos no movimento de abertura e fechamento da boca também é um sintoma bem característico da disfunção ATM.
Dificuldade nos movimentos mandibulares, com a sensação de que ele perde amplitude e que o movimento parece encurtado, tanto de abertura e fechamento, quanto os movimentos laterais da articulação, também é um sintoma de relevância.
Por estar muito próxima dos ouvidos, uma disfunção ATM também pode provocar dor e inflamação na região, chegando à otites, além de sensação de desequilíbrio e vertigens, pela ação do problema no labirinto, órgão responsável pela nossa noção de equilíbrio.
Os sintomas também são múltiplos e podem acontecer isoladamente ou em conjunto.
Alguém pode relatar todos os sintomas conhecidos juntos, ou apenas um deles isoladamente.
A imensa maioria dos casos está associado a dor e não é um processo dolorido comum.
A dor originada da disfunção ATM, normalmente é relevante, forte, intensa e permanente, pois está originada num problema repetitivo e, a cada movimentação, por mais simples que seja, é acionada, provocando um ciclo contínuo e evolutivo, na mesma proporção em que a anomalia causa seus danos através do tempo.
Em alguns casos, a disfunção ATM pode não causar a dor imediatamente, nas primeiras fases do problema, o que torna o diagnóstico mais complicado, pois a dor tende a surgir na forma de reflexo, junto a outros sistemas associados, como a nuca, o pescoço, os ombros, o omoplata e até a região dorsal, parte superior das costas.
O problema destas situações é o enorme passeio investigativo realizado, muitas vezes por diversos profissionais e especialistas na busca da origem do problema, submetendo o paciente a uma série de tratamentos, muitos deles cegos ou em caráter de experimentação.
Os caminhos da dor avançam no mesmo sistema integrado de conexões entre os tantos sistemas do corpo humano.
Tudo está interligado.
Uma disfunção ATM tende a evoluir e, como sua localização está praticamente ligada à conexão do crânio com sua base, junto ao topo da coluna, na vértebra C1, e todo este complexo está sustentado por grupos musculares relevantes, todos com ramificação de sustentação direta na cabeça, descendo para os ombros, através dos grupos escapulares, se amarrando às costas justamente através dos omoplatas e estes, por sua vez, se conectam diretamente às estruturas musculares lombares, o caminho da evolução da dor está construído e pronto para doer.
Toda esta interligação está fartamente irrigada por um complexo ramo de vasos sanguíneos, além de um amplo e abrangente conjunto neural diretamente ligado ao principal ponto de conexão nervosa do corpo, o conjunto de conexão encéfalo-medular, fazendo com que esta região fervilhe em sensibilidade.
Expor toda esta área ao acontecimento de dor, é condenar o corpo a sofrer em demasia, por tempo prolongado, interferindo diretamente, de forma decisiva, sobre a qualidade de vida das pobres vítimas deste mal.
Qualquer manifestação precoce do problema deve ser investigada imediatamente, com perspectiva de prevenção, e mesmo que o problema já esteja instalado, acredite, esta dor que você está sentindo junto à articulação não é nada comparado à dor resultante da evolução deste problema, quando suas vítimas demoram para procurar o auxílio reparador.
As especialidades e técnicas envolvidas no tratamento e cura da Disfunção ATM
ATM é um mecanismo preciso e sensível, composto por junções ósseas, amortecidas por cartilagens macias, cobertas por uma cápsula articular de tecido mole, com união realizada por 3 ligamentos: o ligamento esfenomandibular, o temporomandibular e o estilomandibular.
São 3 grupos musculares que controlam o movimento da ATM: temporal, o massete e o bucinador.
A palavra-chave do bom funcionamento de todo este sistema é HARMONIA.
Uma disfunção ATM, como já falamos, possui muitas causas conhecidas e, devido a esta variedade de possibilidades, o diagnóstico assume um aspecto desafiador e sua importância é vital para os resultados de tratamento e cura.
Os problemas identificados com origem em oclusão, posicionamento da arcada dentária e mastigação são, normalmente, abordados pela odontologia.
O dentista realiza exames e determina tratamentos.
O trato odontológico depende diretamente do tipo de problema, sua amplitude e grau de evolução.
Uma ação do dentista pode ir desde procedimentos corretivos a atos mais radicais, invasivos e cirúrgicos.
Reposicionamento dos dentes e até da mandíbula, aplicação de técnicas e recursos da ortodontia, com a utilização de aparelhos dentários, até cirurgias bucomaxilofaciais são técnicas disponíveis para a correção do processo de mordedura, oclusão e mastigação.
Clínicos de outras especialidades também interferem no tratamento com ações corretivas de sistemas que não estejam ligados à odontologia, como a origem identificada em inflamações, artrites, osteoartroses e demais problemas que determinem um tratamento medicamentoso de recuperação articular.
Psicólogos, psicoterapeutas e psiquiatras atuam na solução das origens emocionais, como o estresse ou a ansiedade, por exemplo, que causam a mastigação vazia, o aperto e esfregar dos dentes e a pressão indevida da musculatura atuante no sistema da ATM.
O tratamento por neurologistas se emprega quando a origem da disfunção ATM está associada ao bruxismo, uma anomalia que faz com que a pessoa esfregue com muita potência os dentes enquanto dorme, causando diversas ocorrências de disfunção ATM.
Nem todo mundo que tem bruxismo desenvolve disfunção ATM, mas sem dúvidas, um dos maiores causadores do problema é o bruxismo.
Talvez uma das ciências que vem tendo maior resultado em todas as etapas do tratamento da disfunção ATM seja a fisioterapia.
Fisioterapia não é uma ciência nova, mas o avanço da tecnologia ampliou o nível da eficiência da fisioterapia como fator determinante da recuperação das funcionalidades do corpo humano.
A fisioterapia trabalha com a recuperação, reconstrução, remodelação e reeducação dos movimentos e funções de todos os mecanismos funcionais do organismo.
Equilíbrio é a essência da atividade de um fisioterapeuta.
A fisioterapia foca no equilíbrio como o elemento transformador e recuperador da eficiência de todos os sistemas do organismo.
Sabemos que disfunção ATM é um desequilíbrio das funções da articulação temporomandibular e, portanto, por lógica, nada mais elementar do que aplicar a ciência do equilíbrio funcional na correção de um desequilíbrio diagnosticado.
A fisioterapia tem o potencial de atuação corretiva direta sobre os problemas de disfunção ATM.
A própria fisioterapia tem demonstrado índices positivos e surpreendentes no tratamento da disfunção ATM, desde o diagnóstico até a cura.
Um fisioterapeuta atua analisando todos os elementos envolvidos na funcionalidade de um sistema.
A fisioterapia possui recursos de compreensão profunda e específica do funcionamento de cada pequeno elemento de uma articulação, sua interação entre os diversos elementos que compõem este sistema, como ligamentos, grupos musculares, capas e coberturas articulares, conjuntos cartilaginosos de amortecimento, estruturas de conexão, superfícies ósseas, tecidos, sistema vascular e conjunto neural.
Cada pequeno micro processo é avaliado isoladamente e em grupo.
Cada pequena possibilidade é minuciosamente analisada e esta conjuntura proporciona à fisioterapia um índice expressivo de diagnósticos bem-sucedidos, tanto na identificação do problema, quanto no dimensionamento de suas características, grau de evolução e tendência de tratamento.
A fisioterapia associada às outras ciências no tratamento da Disfunção ATM
A disfunção ATM é um problema que, na maioria dos casos, requer uma ação da fisioterapia.
Todas as demais especialidades, desde a odontologia até a neurologia, tendem a se associar com a fisioterapia no tratamento dos problemas de disfunção ATM.
Basicamente o problema é um desequilíbrio e, por tratar de reequilibrar sistemas orgânicos, em algum momento, a fisioterapia terá papel fundamental na cura desta anomalia.
Mesmo pacientes suscetíveis a cirurgias ou tratamentos por outras especialidades, precisarão reeducar, reequilibrar o comportamento da ATM e isto faz com que cada vez mais o tratamento seja associativo entre várias especialidades profissionais, onde a fisioterapia é, quase sempre, uma das soluções envolvidas.
Processos de palpação são fundamentais no diagnóstico, assim como diversas outras técnicas de tratamento tópico e mecânico são fundamentais para a cura ou alívio dos sintomas originados na disfunção ATM.
A fisioterapia utiliza a eletricidade, o ultrassom, o infravermelho, o frio, o calor, a massoterapia, o reposicionamento articular por manipulação, a radiofrequência, uma série de técnicas científicas amplamente comprovadas e aceitas quanto à sua eficiência para enfrentar os problemas de disfunção ATM.
Hoje em dia é plenamente aceito que qualquer abordagem séria da disfunção ATM precisa, necessariamente, contar com a participação ativa da fisioterapia no espectro de profissionais envolvidos em sua solução.
O "início do fim" da dor crônica com origem na Disfunção ATM
ATM é uma articulação perfeita, que só apresenta uma anomalia a partir de problemas relativos, que fogem à naturalidade e do equilíbrio dos sistemas orgânicos normais.
A principal decorrência desta disfunção ATM é uma dor que inicia leve, mas é constante.
Quando o paciente tem a “sorte” de identificar a dor diretamente na zona articular e, mais que isto, esta dor está associada com algum outro sintoma determinante de disfunção ATM, seu tratamento fica bem mais facilitado, como ocorre com qualquer outra doença.
O problema maior está quando a dor é refletiva e se expande para os demais sistemas associados, de forma direta, envolvendo praticamente toda a parte superior do corpo, sem ser identificada como originada da disfunção ATM.
Esta projeção dificulta as coisas.
Por vezes, se estabelece um verdadeiro calvário na perseguição de um diagnóstico preciso sobre as origens daquele problema.
Alguns casos viram incógnita e os especialistas tateiam perdidos em meio ao campo das possibilidades e da experimentação.
Analgésicos, relaxantes musculares, ansiolíticos, antinflamatórios de todos os espectros e características são ministrados em verdadeiros coquetéis, visando devolver um mínimo de condições normais de vida às vítimas deste problema.
Algumas vezes a disfunção ATM só é identificada depois que sua evolução deixou evidente demais sua existência e, quando “caem as fichas”, o trabalho de recuperação é bem mais complicado, embora sempre seja possível.
Muitas pessoas já se emocionaram de felicidade, simplesmente por haver descoberto o problema, mesmo que ainda estivessem penando com dores memoráveis.
Neste sentido, a fisioterapia deve ser uma opção primordial em qualquer problema funcional do organismo, o que não é diferente com a disfunção ATM.
Quando um profissional de fisioterapia é acionado, ele está tecnicamente programado a dissecar todos os elementos envolvidos no funcionamento daquele sistema e, indo bem mais além, ele verifica todos os sistemas associados, tornando quase impossível que um problema passe despercebido pelas percepções aguçadas de um bom profissional fisioterapeuta.
No caso de dor e, mais especificamente, dor instalada, dor estabelecida, dor crônica, uma busca a um profissional de fisioterapia é fundamental, possivelmente, antes de qualquer outro profissional, pois poucos possuem o critério técnico primordial de dissecar todas as possibilidades de ocorrência de qualquer mínimo desequilíbrio na funcionalidade de qualquer sistema orgânico.
Se o problema estiver além da capacidade operacional e técnica de solução por parte de um profissional de fisioterapia, obviamente ele encaminhará o problema ao profissional especialista devidamente recomendado para aquela atuação, mas além de sua capacidade solucionadora ser realmente muito ampla, provavelmente sua ação será necessária em associação a qualquer um que venha a lidar com o problema.
Disfunção ATM e dor crônica caminham de mãos dadas e a fisioterapia é o anticupido que costuma dar um fim definitivo a este namoro.