Um novo sentido para a dor

DOR CRÔNICA. O IMPACTO DA DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR NA CONSTRUÇÃO DA DOR

Dor crônica é um problema gigante
Dor crônica é um dos maiores problemas da humanidade

Dor crônica é um dos males dos tempos modernos, por sua característica duradoura, com potencial decisivo sobre a qualidade de vida das pessoas que experimentam este verdadeiro drama.

Dor crônica chega a níveis elevados de incapacitação e atinge uma parcela importante da população dos mais diversos níveis e com diferentes intensidades.

Imagine que a simples ausência de um dente é algo capaz de causar um desconforto que incomoda, e vai aumentando este incômodo através do tempo em que aquela deficiência não for corrigida.

Agora imagine este desconforto multiplicado por 100, em intensidade e permanência.

O corpo humano é um conjunto mecânico e funcional complexo e encantador, extremamente resistente e com ampla capacidade de adaptação, recuperação e regeneração, mas alguns de seus sistemas podem se tornar vulneráveis, a partir do menor desequilíbrio.

Um dos sintomas mais relevantes de qualquer desajuste é a dor.

Não precisamos de grandes traumas para experimentarmos dores intensas.

Uma unha encravada, um processo inflamatório, um problema funcional numa articulação, podem nos levar a estágios muito agudos de dor, algumas ganhando o status de dor crônica, acompanhando sua vítima pela maior parte da vida.

Dor crônica na cabeça e parte superior do corpo

Dor o tempo todo
Dor sem clemência

Dor crônica na cabeça costuma ser um prato cheio de incertezas.

Existem cátedras exclusivas de estudo e pesquisa sobre as dores crônicas na cabeça.

A dor crônica mais relevante é, sem dúvidas, a dor de cabeça.

Estudos aprofundados realizados por instituições especialistas no tratamento da dor crônica, chegaram a números impressionantes quanto ao espectro da dor crônica de cabeça.

Estes estudos apontam que 20% das pessoas (1 em cada 5) apresentam sintomas consolidados de dor crônica de cabeça.

O estudo considera como dor crônica aquela que assume caráter constante ou permanente, sendo registrada em pelo menos 15 dias no mês.

A dor crônica de cabeça possui o 5º lugar nos problemas de saúde registrados na humanidade, perdendo para ansiedade, estresse, fibromialgia e alergia respiratória.

Dor crônica se constitui num dos maiores problemas de saúde da humanidade moderna e, nesta condição, é um dos principais fatores determinantes da qualidade de vida das pessoas.

Números e dados assim tão impressionantes não podem ser ignorados.

As dores de cabeça possuem mais de 200 motivos catalogados pela ciência, onde a maioria não coloca a vida das pessoas em risco, mas praticamente todas elas comprometem a felicidade de suas vítimas e resultam num padrão de vida comprometido.

As dores de cabeça possuem origens diversas e sua classificação técnica segue os padrões de intensidade, origem e características.

Cefaleias primárias:

As cefaleias primárias formam um grupo onde a maior parte da dor tem origem em si mesma, não sendo resultado de alguma outra anomalia do organismo.

Embora possam ser persistentes e até se transformar numa dor crônica, os tratamentos costumam ser paliativos e diretos sobre o complexo da dor.

Mesmo que sejam consideradas primárias e sem origem adjacente, não significa que este tipo de dor de cabeça não possa ser intenso e comprometedor.

Os principais tipos de cefaleias primárias são:

  • Cefaleias em salvas;
  • Enxaquecas e enxaquecas com aura;
  • Cefaleia tensional.

A maioria destas cefaleias primárias se caracterizam como tensionais, pois são provocadas a partir de reações do organismo às mudanças de tensão do corpo.

Este grupo envolve tipos de dor que são disparadas através de determinados gatinhos:

  • Cefaleia diária (crônica);
  • Cefaleia proveniente de esforço ao tossir;
  • Cefaleia proveniente de esforço ou exercício físico;
  • Cefaleia associada ao ato sexual.

Cefaleias secundárias:

As cefaleias secundárias compõem o grupo de dores que possuem uma origem, que não se resume a dor como o mal original, mas um reflexo de outro problema de saúde ou desequilíbrio das funções orgânicas.

São inúmeras as origens deste tipo de dor, onde é possível relacionar as mais relevantes:

  • INFLAMAÇÕES: Sinusites, artrites, mielites, otite, encefalite, amidalite, arterite, etc;
  • PROBLEMAS CIRCULATÓRIOS: Coágulos, tromboses, hipertensão, aneurismas, varizes, ruptura vascular;
  • MÁ FORMAÇÃO HEREDITÁRIA OU DE NASCENÇA: Má formação vascular, síndrome de Arnold-Chiari, disfunção orgânica;
  • TUMORES;
  • ALERGIAS E INTOXICAÇÕES;
  • TRAUMAS E CONCUSSÕES;
  • DESIDRATAÇÃO;
  • PROBLEMAS DE FUNCIONALIDADE ADQUIRIDA OU DE NASCENÇA: DTM, problemas dentários, desequilíbrio articular;
  • PROBLEMAS VISUAIS: Miopia, hipermetropia, astigmatismo, estrabismo, glaucoma;
  • DOENÇAS ADQUIRIDAS;
  • MEDICAMENTOS: Uso inadequado ou excessivo;
  • PRESSÃO INTRACRANIANA;
  • NEURALGIAS;

Dor crônica de origem mecânica

Como a dor crônica se estabelece

Dor crônica de origem mecânica é toda aquela que tem sua origem no mal funcionamento de algum mecanismo ou sistema do organismo.

Como estamos nos referindo ao conjunto de dores na parte superior do corpo, a mais relevante de todas as origens está associada à DTM (Disfunção Temporomandibular).

Este é realmente um problema que causa um transtorno considerável na vida das pessoas.

O problema da DTM ou DATM (Disfunção da Articulação Temporomandibular) é que além de provocar dor crônica de cabeça, seu processo evolutivo tende a refletir e ampliar o campo do problema para todas as demais regiões associadas.

A d-ATM ocorre por diversos fatores e tem muitas consequências.

De certa forma, dá para afirmar que a DTM tem muitas causas e muitos efeitos.

Tudo começa com um desequilíbrio na ATM (Articulação Temporomandibular), que nada mais é que a articulação de conexão entre a mandíbula (ou maxilar) com o crânio, o que acontece junto à têmpora, na parte lateral da cabeça, obviamente em ambos os lados.

Os estudos sobre a DTM apontam que a maioria dos problemas é unilateral, quando o desequilíbrio atinge a conexão de um dos lados da cabeça, não atingindo imediatamente o outro.

Existe uma tendência natural de que, quando alguém seja acometido de DTM num dos lados da cabeça, com a evolução do problema, eventual falta de acompanhamento e tratamento, a outra articulação também passe a apresentar o problema.

Normalmente os problemas são tão relevantes e a dor atrapalha tanto a vida das pessoas que elas costumam buscar ajuda antes que o problema contamine a outra articulação.

As causas variam muito e, muitas vezes, não podem ser definidas com clareza e precisão.

Vão desde traumas, quando alguém sofre um acidente ou batida, vindo a provocar uma fratura ou dano na articulação que, a partir de uma recuperação comprometida, deixe como sequela um mau funcionamento articular.

Também possuem origem em desalinhamento dentário, quando a mordedura é comprometida por má formação ou problemas de desenvolvimento da arcada, passando pelo uso por longo período de aparelhos dentários ou qualquer outra situação que altere a estrutura natural da boca, mesmo que para correção.

Tensão e estresse que resulte na consequência de aperto frequente e intenso dos dentes, tende a sobrecarregar a estrutura da articulação e podem provocar o desequilíbrio.

O bruxismo, que é um problema que afeta muitas pessoas quando dormem, faz com que, durante o sono, as vítimas deste problema pressionem e esfreguem os dentes com força elevadíssima, provocando até sons fortes de esfregação e estalos durante o sono, do ranger frenético, intenso e poderoso dos dentes.

As consequências da DTM e sua ação na dor crônica na parte superior do corpo

Dor permanente
Só dói quando pensa e respira

A dor que a DTM provoca, na maioria dos casos costuma seguir um certo ciclo evolutivo.

Primeiro, o desconforto inicia diretamente na área específica da articulação, na têmpora, muito próximo a parte frontal da orelha.

Se você colocar seus dedos logo à frente das orelhas e simular o movimento de abrir e fechar a boca, sentirá a movimentação da articulação temporomandibular.

Normalmente este ponto é o primeiro lugar onde se percebe a sensação dolorosa que, em sua posição, por estar diretamente ligada à base do crânio, exatamente onde a sustentação da cabeça acontece no topo da coluna cervical, em conexão com a zona escapular (omoplatas e estrutura dorsal), num processo evolutivo, tem o poder de afetar todo este conjunto estrutural superior, refletindo a sensação de dor por todo este espectro, aumentando não apenas a amplitude, mas a intensidade também.

É preciso entender que uma dor crônica nesta região nem precisa ser muito forte e intensa, bastando ser frequente que, mesmo de fraca intensidade, sua percepção é amplificada e o estado psicológico fica completamente comprometido, como no exemplo da ausência do dente, que não causa exatamente uma dor, mas um incômodo que vai assumindo o controle da percepção e sensibilidade da pessoa, até ganhar esferas de dor e permanência.

O processo evolutivo deste tipo de dor crônica pode ser devastador.

Existem relatos de pessoas que se diziam infelizes em função deste problema.

Um outro aspecto relevante é uma certa complexidade de diagnóstico, pois são tantas as causas possíveis e os sintomas são tão similares entre eles, que muitas vezes os médicos e profissionais especialistas gastam diversas tentativas até encontrar a origem efetiva do problema, quando encontram.

Especificamente no caso da DTM o diagnóstico costuma ser mais facilitado, pois na grande maioria dos casos, os primeiros sinais ocorrem a partir do local, da própria articulação temporomandibular e, nestes casos, a vantagem é muito grande, pois a identificação precoce torna o processo de cura e tratamento muito mais facilitado.

Por se tratar de um problema de características evolutivas, o problema tende a se agravar, até o campo do insuportável, o que praticamente obriga o paciente a buscar ajuda.

Um outro fator importante é que, como a DTM tem se tornado tão frequente, o olhar dos profissionais especializados começou a se debruçar com maior ênfase sobre o problema, o que facilitou seu diagnóstico.

Muita gente, através dos tempos, passou pelas mãos de diversos profissionais de todas as especialidades, na busca da solução daquele problema incontornável de dor crônica e, num voo cego, saiam dos consultórios com a tradicional recomendação: “Enxaqueca! Toma este remedinho que alivia!”

E lá se iam os pobres incautos com seu problema para casa, sem cura, sem tratamento e sem esperanças.

Com a evolução da tecnologia e a constatação do grande número de casos decorrentes da disfunção da articulação temporomandibular, o cuidado se tornou muito maior com esta possibilidade e a quantidade e eficiência dos diagnósticos passaram a dar uma luz efetiva aos tantos que sofrem com a dor crônica decorrente de DTM.

A ciência enfrentando a dor crônica

Ciência Renoliver e dor crônica
Os caminhos da evolução científica no combate à dor crônica

A dor crônica na parte superior do corpo, como já sabemos, tem diversas origens e alguns dos motivos se misturam.

A ciência atua em diversas direções na pesquisa destas origens e na criação de soluções para aliviar o problema.

A odontologia trabalha de forma consistente no tratamento dos desalinhamentos ortodônticos, os desajustes de mordedura, os hábitos inadequados de mastigação, já que boa parte das dores crônicas são provenientes da DTM e esta articulação sofre a maior incidência de problemas com origem odontológica e ortodôntica.

A psicologia pesquisa o estresse, que em seu portfólio de consequências tende a aumentar as tensões, o que provoca desequilíbrios e problemas de toda a ordem.

O bruxismo, ou o ato inconsciente de exercer pressão e esfregação da mandíbula durante o sono, é pesquisado e tratado pela clínica médica geral.

A fibromialgia, os problemas ortopédicos, postura, condicionamento físico, praticamente todas as origens conhecidas recebem máxima atenção científica para sua minimização, mas como falamos, as causas são muitas e a dor é uma resposta fisiológica e neural a problemas que podem parecer simples, mas são complexos de serem abordados e resolvidos.

De todas as ciências, a que mais evoluiu na direção de resultados positivos, concretos e satisfatórios, foi a fisioterapia.

A compreensão profunda de todos os mecanismos funcionais, a percepção da operação de todos os sistemas que existem no corpo e os métodos eficientes, construídos a partir da ciência, da técnica e da experiência, emprestaram à fisioterapia um poder solucionador um pouco mais efetivo que as demais áreas científicas.

A fisioterapia tem o poder de correção da origem dos problemas.

Mais que isto, a fisioterapia, se utilizada como hábito, consegue prevenir a ocorrência de problemas que, depois de surgirem, são muito mais difíceis de serem solucionados.

A DTM é um exemplo evidente desta realidade.

O diagnóstico da DTM é privilegiado através da fisioterapia, que modula os movimentos e, com a apalpação, além de outras técnicas de experimentação, consegue antever tendências de instalação de alguma disfunção da articulação temporomandibular.

Em todos os seus campos de atuação, a fisioterapia possui a característica de alinhamento, correção e equilíbrio dos sistemas do corpo e é exatamente isto que evita a ocorrência de problemas como a DTM, além de tantos outros.

Do ponto de vista físico, um organismo equilibrado é um organismo saudável.

Quando algo neste organismo se desequilibra, sistemas inteiros podem ser afetados e algum nível de consequência desagradável é inevitável.

A DTM, por se tratar de um problema de ciclo evolutivo, que se amplia, arrastando suas consequências para níveis cada vez mais elevados, precisa, em primeiro lugar, ser identificada muito cedo, antes até de se instalar, se possível.

Mesmo depois de instalada, a fisioterapia tem sido quase que indispensável para o tratamento e cura da DTM e suas complicações, pois independente dos tipos de tratamentos aplicados por qualquer que seja a ramificação da ciência, é a fisioterapia que está melhor capacitada a reequilibrar os sistemas do corpo, adaptando processos e hábitos, reeducando mecanismos reflexos e cotidianos, como a mastigação, por exemplo e aplicando soluções efetivas e duradouras.

Dor crônica. Que caminhos percorrer para vencer este desafio

Conhecimento é cura
O conhecimento a serviço da cura da dor crônica

Dor crônica não deixa as pessoas esquecerem que ela está ali.

Na verdade, tudo o que as pessoas gostariam era de poder esquecer aquela dor, algumas, por apenas alguns momentos sem dor, dariam tudo.

Especificamente no caso dos processos de dor crônica que possam ter origem numa DTM, possivelmente o processo já esteja amplamente instalado e a busca por sua solução deva ser imediata.

Quando a DTM já irradiou seus reflexos para estruturas conjuntas, como base do crânio, região escapular, coluna cervical e dorsal, provavelmente o portador estará próximo aos níveis de desespero, se não pela intensidade da dor, pela sua permanência.

Possivelmente se o caso for de DTM, o paciente deverá perceber o incômodo na região da articulação temporomandibular, ali logo à frente da orelha e, além disto, poderá ter sintomas associados, como o desequilíbrio da mordedura ou até um som similar a um estalo ou deslocamento súbito, toda a vez que realiza o movimento de abertura e fechamento da boca.

Procurar um profissional especializado é o primeiro e principal passo para a investigação do problema que, não cansamos de repetir, quanto antes for identificado, melhores são os prognósticos de tratamento e cura.

Um bom dentista, um médico clínico, são profissionais capacitados para diagnosticar o problema, mas pense seriamente na possibilidade de buscar um fisioterapeuta que, pela amplitude de sua especialização, pode não apenas entender melhor o seu caso, como já pode encaminhar a solução, mesmo que o problema tenha origem odontológica, por exemplo, ainda assim o apoio da fisioterapia no reequilíbrio da articulação, no alívio das dor e na reconstrução de hábitos e posturas, será imprescindível para a solução do problema de forma satisfatória.

Dor crônica é um problema que pode se tornar incapacitante e, no mínimo, determinante de uma qualidade de vida comprometida.

A dor crônica proveniente da disfunção da articulação temporomandibular pode ser tratada e revertida, no mínimo, para níveis que permitam seu alívio através de dosagens razoáveis de medicamentos, sem a necessidade de tratamentos agressivos e invasivos, devolvendo um sorriso às faces doloridas.

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